Manter uma alimentação saudável é fundamental em todas as etapas da vida. Durante a infância, se preocupar com o que é consumido se faz ainda mais importante. Entretanto, com o pouco tempo que resta no dia a dia, como trabalhar a educação alimentar desde cedo?

Para abordar a temática e apresentar dicas, conversamos com a nutricionista materno-infantil Mayara Belli. A profissional atua principalmente em prol da educação alimentar para os pequenos, possuindo também formação em Pedagogia.

É essencial que os responsáveis sirvam de exemplo para que os pequenos sigam uma alimentação saudável.


Rotina da família

Segundo a nutricionista, o primeiro e mais importante passo para a educação alimentar começa na mudança da rotina de toda a família, conscientizando-se de que alimentos mais saudáveis e ricos em nutrientes devem ser consumidos diariamente, como frutas, cereais integrais, verduras, legumes e leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico, ervilha). Portanto, é essencial que os responsáveis sirvam de exemplo para que os pequenos sigam uma alimentação saudável.

Alguns hábitos também auxiliam no processo. “É importante realizar ao menos uma refeição diária com a família reunida, tornando o momento mais prazeroso. Também é recomendável comer os mesmos alimentos servidos para as crianças, ter em casa uma variedade de alimentos naturais e evitar alto consumo de açúcares e sódio”, afirma a profissional.

A nutricionista orienta que, para administrar um cardápio nutritivo durante a correria do cotidiano, o ideal é realizar um planejamento de refeições. Nesse sentido, recomenda-se ir ao supermercado com uma lista de compras, pensando principalmente nos alimentos mais naturais, como os das seções de hortifrúti, grãos, integrais, açougue e lácteos.

Outra dica importante é separar o dia mais tranquilo da semana para se dedicar à cozinha, preparando grande parte dos pratos principais da semana para congelá-los. Assim, você pode escolher a porção ideal e descongelar na hora das refeições, facilitando todo o processo de preparo e garantindo uma alimentação mais saudável e rápida. Quanto aos lanches, a entrevistada sugere o pão integral ou a crepioca (ovo com goma de tapioca), que podem ser acompanhados por uma proteína e legumes ou verduras.

Caso a criança já esteja exposta a maus hábitos alimentares, o ideal é desenvolver uma reeducação, preferencialmente guiada por um profissional da área, por meio da construção de refeições mais saudáveis. Nessa situação, é preciso reapresentar os alimentos mais naturais e saudáveis à criança e explicar sobre seus benefícios de forma didática. “Leve o pequeno ao supermercado e apresente a seção de hortifrúti. Deixe-o escolher os alimentos dessa seção e participar do seu preparo na hora da refeição”.

Cuidar da alimentação infantil é a garantia de um futuro mais saudável para as crianças. Por essa razão, a nutricionista finaliza reafirmando a importância de pais ou responsáveis terem consciência de que o principal motivo para a melhora na qualidade das refeições é justamente a prevenção de doenças crônicas futuras, como obesidade, diabetes, hipertensão, osteoporose e outras. Mude seu estilo de alimentação e garanta uma vida mais saudável para toda a família!


Nutrientes para cada fase

Pensando nas necessidades do público infantil, alimentos específicos podem auxiliar na boa formação e no desenvolvimento. Mayara ressalta, nesse contexto, que alguns nutrientes obtidos a partir de uma alimentação adequada são essenciais, com foco na fase pré-escolar (2-6 anos) e no período após a fase escolar (7-10 anos). O ferro, por exemplo, é muito importante para manter o sistema imunológico saudável, atuando também na prevenção de anemia. Ele está presente em carnes, castanhas, oleaginosas e leguminosas.

O cálcio ajuda no crescimento ósseo, de modo que seu consumo se faz necessário principalmente na fase escolar. É encontrado em leites e derivados, gergelim e vegetais de cor verde-escura (couve, rúcula e agrião). Já o ômega 3 é uma fonte de gordura poli-insaturada, que auxilia na saúde cerebral e na memória, fazendo-se essencial em todas as fases. Suas principais fontes são peixes como atum, sardinha e salmão, óleos vegetais (de girassol, por exemplo) e sementes como gergelim, linhaça e chia. Por fim, a vitamina C contribui para o fortalecimento do sistema imunológico, sendo suas principais fontes frutas como acerola, mexerica, laranja, goiaba, kiwi e manga.